Em uma escola muito heterogênea, onde estudam alunos de várias classes
sociais, durante uma aula de português, a professora pergunta:
- Qual é o significado da palavra “óbvio”?
Rapidamente, Patricia, menina rica, uma das mais aplicadas alunas da
classe, respondeu:
- Prezada professora, hoje acordei bem cedo, depois de uma ótima noite
de sono no conforto de meu quarto. Desci a enorme escadaria de nossa
residência e me dirigi à copa onde era servido o café. Depois de
deliciar-me, fui até a janela que dá vista para o jardim de entrada.
Percebi que se encontrava guardado na garagem o automóvel BMW do meu
pai. Pensei com meus botões:
- É ÓBVIO que meu pai foi ao trabalho de Audi.
Sem querer ficar para trás, Luiz Cláudio Wilson, de uma família de
classe média, acrescentou:
- Professora, hoje eu não dormi muito bem, porque meu colchão é meio
duro. Eu consegui acordar assim mesmo, porque pus o despertador do lado
da cama. Levantei meio zonzo, comi um pão meio muxibento e tomei café.
Quando saí para a escola, vi que o fusca do papai estava na garagem.
Imaginei:
- É ÓBVIO que o papai não tinha dinheiro para gasolina, foi trabalhar de
busão.
Embalado na conversa, Wandercleison Maicon Jáqueson, de classe baixa (é
óbvio), também quis responder:
- Fessora, hoje eu quase não durmi, porquê teve tiroteio até tarde na
favela. Só acordei de manhã porquê tava morrendo de fome, mas não tinha
nada pra cumê mesmo… quando olhei pela janela do barracão, vi a minha vó
com o jornal debaixo do braço e pensei:
- É ÓBVIO que ela vai cagá. Não sabe lê!
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